sábado, 13 de janeiro de 2018

O Brasil não merece...

O ex-presidente da República petista decidiu que não vai comparecer ao julgamento da apelação que pode torná-lo inelegível, no Tribunal Regional da 4ª Região, no próximo dia 24, em Porto Alegre (RS).
Não obstante, a direção do partido já prepara grandes atos em defesa do ex-presidente, com eventos já a partir de hoje até aquele dia, porque, no dia seguinte, a Executiva Nacional do PT vai promover reunião ampliada para reafirmar e lançar a candidatura do seu principal cacique, não importando qual seja o veredicto do julgamento.
Sabe-se que o político foi condenado à prisão, em primeira instância, a nove anos e seis meses, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com relação ao caso do tríplex do Guarujá (SP).
Nos termos da Lei da Ficha Limpa, se a condenação em tela for confirmada, o ex-presidente pode ser impedido de disputar a eleição presidencial, na forma do entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal, segundo o qual o condenado em segunda instância de torna automaticamente inelegível.
Em termos oficiais, apenas se sabe que a defesa do ex-presidente solicitou ao TRF-4 que ele possa ser ouvido durante o julgamento, mas o pedido ainda não foi apreciado pelos desembargadores do tribunal.
Entrementes, há a expectativa de que o pedido em tela seja provido, embora não é cabível recurso nessa fase, posto que o processo se encontra concluso para julgamento. Caso contrário, a tendência é de que o ex-presidente permaneça em São Bernardo dos Campos, para acompanhá-lo no Sindicato dos Metalúrgicos.
A segunda grande expectativa está reservada para a recepção do político, na reunião ampliada, em São Paulo, que deve ser o ponto alto das mobilizações organizadas pelo PT e movimentos sociais que defendem o direito de o ex-presidente ser candidato.
Além da recepção, o PT prepara onda de eventos que começa no dia 13, com o “dia nacional de mobilização” e vai até o dia seguinte ao julgamento, tudo no embalo da liderança do político nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, neste ano.
No dia 22, grupo de advogados brasileiros e estrangeiros vai participar de debate público sobre o processo de condenação do político.
O Fórum Social Mundial promete fazer ato no dia 23, com a presença de líderes e entidades de esquerda de vários países.
Além desses atos, o PT e suas lideranças têm difundido nas redes sociais o manifesto “Eleição Sem Lula é Fraude”.
Para o PT e o próprio político, o dia 24 poderá ser o divisor de águas, por ser o julgamento que pode sinalizar que, enfim, as investigações realizadas no processo referente ao tríplex têm ou não consistência para se afirmar que ele é culpado ou inocente, a depender, obviamente, da materialidade ou não das provas que sustentam a possível autoria dos fatos denunciados nos autos.
Conviria que os simpatizantes, militantes e idólatras tivessem pouco mais de sensatez e humildade, que somente procurassem defender a candidatura de seu ídolo depois que ele fosse completamente inocentado das inúmeras acusações que são feitas sobre as atividades dele na vida pública, porque não faz o menor sentido que se exijam a candidatura de político, para representar a nação com a grandeza econômica e social do Brasil, sem que ele consiga antes se desvencilhar das complicações na Justiça.
É sabido que o político, além de já ter sido condenado à prisão, responde a seis processos como réu, o que significa dizer que esses fatos em si não condizem com os conceitos da idoneidade e da conduta moral exigidos para o exercício de cargo público, principalmente o de presidente da República, que, na essência, não pode ter o titular sob o mínimo de suspeita quanto mais já tendo sido condenado e ainda respondendo a processos na Justiça, por crimes incompatíveis com a dignidade que se exige do representante do povo.
Fica bastante difícil tentar compreender como esses simpatizantes, militantes e idólatras pretendem sustentar candidatura de político que tem a reprovação das pessoas, ao que parece, em parcela bem mais significativa, que já se conscientizaram de que o Brasil precisa ser comandado por estadista infenso aos escândalos na vida pública ou até mesmo que não tenha conseguido demonstrar a sua inocência bem antes da candidatura, como forma de demonstrar licitude nos seus atos enquanto gestor de recursos públicos.
À toda evidência, constitui ato de explícita agressão às pessoas honradas, que defendem a moralização das atividades públicas, a intransigente defesa de candidatura a cargo público eletivo de alguém que não consegue provar a sua inocência na Justiça, a exemplo do caso do tríplex, porque isso tem o condão de contrariar os comezinhos princípios republicano e democrático, diante da cristalina demonstração de desrespeito ao Estado Democrático de Direito, que, à luz da sua essência de princípios, teria seus alicerces e estruturas abalados e completamente destruídos pela inserção de algo estanho às suas finalidades institucionais de construção do desenvolvimento ético e moral.
Os brasileiros honrados e ansiosos pela reafirmação dos salutares princípios do bom senso e da razoabilidade como primazia nas atividades políticas ainda acreditam que a sensatez pode prevalecer na consciência do maior político brasileiro, quanto à necessidade de compreender que o país com as grandezas econômicas e sociais como o Brasil não merece que homem público sob a acusação da prática de atos contrários aos princípios republicano e democrático possa ser candidato a cargo da maior relevância do país, como o de presidente da República, sem antes provar a sua inocência perante a Justiça, com relação aos fatos denunciados, porque é exatamente assim que procedem as pessoas equilibradas, dignas, responsáveis e capazes para a ocupação desse cargo, em respeito à dignidade e ao bom nome do país e dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 13 de janeiro de 2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário