Acolhendo
aconselhamento de advogados, o maior político brasileiro vai acompanhar de São
Paulo o seu julgamento, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4,
que definirá o seu destino político, no próximo dia 24.
O
político também decidiu que não participará das manifestações em Porto Alegre, sob
o argumento de que é preciso cautela para se evitar confrontos e acirramento de
ânimos.
O
líder do PT na Câmara dos Deputados disse que "A ida de Lula a Porto Alegre sempre esteve condicionada à possibilidade
de ele ser ouvido no julgamento", ao lembrar que esse pedido, feito
pela defesa do ex-presidente, até agora não foi acatado pelo tribunal e, nesse
caso, "Não tem sentido ele ir lá e
ficar olhando. As manifestações que estamos organizando na cidade serão de
solidariedade e apoio, mas Lula não vai participar".
Embora
dirigentes do PT já trabalhem mais com a possibilidade da condenação do seu
líder-mor, pelo TRF-4, o partido vai manter, assim mesmo, a candidatura dele ao
Palácio do Planalto, até o último recurso na Justiça.
O
certo é que, se for confirmada, em segunda instância, a condenação à prisão do
político, com relação ao caso do tríplex do Guarujá, ele ficará inelegível em
consonância com os critérios previstos na Lei da Ficha Limpa.
Não
obstante, ele poderá permanecer na campanha eleitoral deste ano, até que todos
os questionamentos e recursos possíveis se esgotem e eles, como é sabido, são
indefinidos e ilimitados.
O
PT diz que já tem a estratégia para encarar a situação, que consiste em partir
para o enfrentamento no palanque, na tentativa de defender seu astro principal,
mesmo carregando na testa, obviamente se não for preso antes, a estrela
vermelha, com a marca de homem maculado pela Justiça.
É
muito bem possível que, com a materialidade da condenação, a candidatura do político,
mais cedo ou mais tarde, seja impugnada pela Justiça Eleitoral, à luz da
legislação que rege a matéria, que diz que é inelegível quem for condenado, em
segunda instância, pela Justiça, que poderá ser o caso dele, mas os petistas vislumbram
que, até que isso venha a acontecer, ele conseguirá passar, pelo menos, a ideia
de "perseguição política".
A
avaliação da cúpula do PT é a de que, se o político for mesmo impedido de
concorrer e sua prisão for decretada, ele virará "mártir" e se transformará em importante cabo eleitoral, em que
pese, em termos oficiais, os dirigentes do partido dizerem que não há plano B
para o caso de o político não ter condições de disputar a corrida presidencial,
mas a ideia que se cogita será a indicação do ex-governador da Bahia e ex-chefe
da Casa Civil do último governo petista, para substituí-lo.
Enfim,
o bom senso prevaleceu em se evitar que o todo-poderoso fosse se juntar aos
movimentos petistas e afins que vão aparecer na capital gaúcha, para contestar
o quanto puder o trabalho da Justiça, que, a bem da verdade, apenas cumpre a sua
missão constitucional de julgar as ações da sua competência jurisdicional.
Não
teria o menor cabimento o político liderar movimentos em sua defesa, porque isso
teria o condão de acirrar os ânimos da turba, porquanto daria o entendimento de
que o principal alvo do julgamento se faria presente na região, justamente para
causar enorme afronta e ameaça a Justiça, cujas consequências nefastas seriam
atribuídas ao comparecimento dele aos movimentos em sua defesa, dando a ideia
de confronto e de incentivo à desordem pública e isso poderia prejudicar ainda
mais a sua imagem de homem público, que, antes de tudo, precisa atuar com muita
prudência, quanto mais quando outras liderança tem como pensamento pôr lenha na
fogueira, para incendiar tudo, aproveitando exatamente o momento do julgamento
de seu maior ídolo, que resiste ao máximo a sua condenação, o que é normal,
embora ele não tivesse conseguido contestar, com provas consistentes, os fatos objeto
da denúncia perante o juiz da Lava-Jato, que enxergou a autoria deles na pessoa
do político.
Finalmente,
parece exercício de ínfima imaginação o lançamento de candidatura de político
condenado à prisão, pela prática de crimes de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, que são incompatíveis com os princípios consagrados da República e
rechaçados pela falta dos requisitos indispensáveis ao exercício do cargo
principal do poder, tão somente com a finalidade de tentar disseminar a ideia
de “perseguição política”, quando se sabe que a Justiça não condena ninguém sem
a certeza da existência, nos autos, das provas que dão respaldo à materialidade
da autoria dos fatos objeto da denúncia, o que põe por terra essa insustentável
imaginação de perseguição, fato que evidencia sublime desprezo aos princípios
do bom senso e da racionalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de janeiro de 2018
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