No interior do Estado do Ceará, alguns agricultores
e profetas do tempo já estão se concentrando, para fazer as previsões para a
temporada de chuvas que se inicia no Sertão.
Há muito tempo, um comerciante não vê o açude conhecido
como Cedro cheio, que foi construído por determinação do imperador Dom Pedro II,
para matar a sede do nordestino.
No momento, o citado açude está com menos de 1% da sua
capacidade, ou seja, quase seco, embora ele tivesse sido construído para abastecer
de água aquela região nordestina.
Não obstante, o comerciante tem esperança de previsão
animadora dos profetas da chuva, uma vez que, disse ele, “Quando o cliente tem o milho, tem o feijão, tem o algodão, tem a
verdura dentro de casa, esse dinheiro vai para o comércio”.
Os profetas da chuva buscam nas próprias natureza e
paisagem os sinais que possam ser interpretados como mensageiros de esperança
para o homem do sertão.
Se o cupim tem asas longas, isso representa que
está pronto para voar e vai chover logo, mas, se não, o período chuvoso pode demorar.
Todo ano, os profetas da chuva recebem a missão de
traduzir a natureza e de dizer as suas experiências, que podem ser confirmadas
ou não, a depender da vontade do deus das chuvas e, evidentemente, do
merecimento dos nordestinos.
Para um agricultor nordestino, tudo depende dos
animais e das plantas, dando o seguinte exemplo: “O juazeiro está indicando que vai haver um bom inverno, mas a partir de
fevereiro em diante”.
Outro profeta busca respostas no céu, na esperança
de enxergar nuvens de chuva, tendo afirmado que “Este ano, eu tenho a experiência que tem marcado de um bom inverno, de
seis meses de inverno a mais”.
Os profetas do campo se reuniram para anunciar as
previsões para 2018, em cujo encontro ficou a certeza de que o inverno está
garantido, com muita chuva e boas colheitas.
Após seis anos de seca, o povo do sertão espera agora
que a natureza envie seu melhor sinal de mudança, como nas palavras de um
agricultor, que afirmou: “A chuva é uma
coisa que traz, aqui para nós, uma riqueza grande. A chuva, a água é coisa de
Deus! Nós, sem água, não podemos viver”.
É
muito bom se acreditar na sabedoria popular e os “Profetas da Chuva” são
pessoas com experiências mais do que sábias, que são transmitidas para a população,
que acredita neles.
É
verdade que há previsões certeiras, às vezes, e outras nem tanto, que não dão
certo como o esperado, mas o importante mesmo é que sempre haja o otimismo que
esses profetas conseguem disseminar entre os nordestinos, que já se acostumaram,
invariavelmente, com o entrar e sair de ano, na esperança de que as profecias
sejam firmes e acertem na mosca, coincidindo com bom inverno.
O
importante é que, enquanto se tem esperança, um ano o inverno vai ser de boas
chuvas e os sertanejos vão comemorar as profecias feitas com tanta devoção, própria
da crendice nordestina, que nunca se desanima diante das promessas de Deus, em
nome de São José, que é o pai de todos que estão sedentos por boa invernada, fartas
colheitas e água em abundância, como forma de renovação das esperanças e da vida,
na certeza de dias melhores para todos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de janeiro de 2018
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