domingo, 14 de janeiro de 2018

As esperanças de muitas chuvas

No interior do Estado do Ceará, alguns agricultores e profetas do tempo já estão se concentrando, para fazer as previsões para a temporada de chuvas que se inicia no Sertão.
Há muito tempo, um comerciante não vê o açude conhecido como Cedro cheio, que foi construído por determinação do imperador Dom Pedro II, para matar a sede do nordestino.
No momento, o citado açude está com menos de 1% da sua capacidade, ou seja, quase seco, embora ele tivesse sido construído para abastecer de água aquela região nordestina.
Não obstante, o comerciante tem esperança de previsão animadora dos profetas da chuva, uma vez que, disse ele, “Quando o cliente tem o milho, tem o feijão, tem o algodão, tem a verdura dentro de casa, esse dinheiro vai para o comércio”.
Os profetas da chuva buscam nas próprias natureza e paisagem os sinais que possam ser interpretados como mensageiros de esperança para o homem do sertão.
Se o cupim tem asas longas, isso representa que está pronto para voar e vai chover logo, mas, se não, o período chuvoso pode demorar.
Todo ano, os profetas da chuva recebem a missão de traduzir a natureza e de dizer as suas experiências, que podem ser confirmadas ou não, a depender da vontade do deus das chuvas e, evidentemente, do merecimento dos nordestinos.
Para um agricultor nordestino, tudo depende dos animais e das plantas, dando o seguinte exemplo: “O juazeiro está indicando que vai haver um bom inverno, mas a partir de fevereiro em diante”.
Outro profeta busca respostas no céu, na esperança de enxergar nuvens de chuva, tendo afirmado que “Este ano, eu tenho a experiência que tem marcado de um bom inverno, de seis meses de inverno a mais”.
Os profetas do campo se reuniram para anunciar as previsões para 2018, em cujo encontro ficou a certeza de que o inverno está garantido, com muita chuva e boas colheitas.
Após seis anos de seca, o povo do sertão espera agora que a natureza envie seu melhor sinal de mudança, como nas palavras de um agricultor, que afirmou: “A chuva é uma coisa que traz, aqui para nós, uma riqueza grande. A chuva, a água é coisa de Deus! Nós, sem água, não podemos viver”.
É muito bom se acreditar na sabedoria popular e os “Profetas da Chuva” são pessoas com experiências mais do que sábias, que são transmitidas para a população, que acredita neles.
É verdade que há previsões certeiras, às vezes, e outras nem tanto, que não dão certo como o esperado, mas o importante mesmo é que sempre haja o otimismo que esses profetas conseguem disseminar entre os nordestinos, que já se acostumaram, invariavelmente, com o entrar e sair de ano, na esperança de que as profecias sejam firmes e acertem na mosca, coincidindo com bom inverno.
O importante é que, enquanto se tem esperança, um ano o inverno vai ser de boas chuvas e os sertanejos vão comemorar as profecias feitas com tanta devoção, própria da crendice nordestina, que nunca se desanima diante das promessas de Deus, em nome de São José, que é o pai de todos que estão sedentos por boa invernada, fartas colheitas e água em abundância, como forma de renovação das esperanças e da vida, na certeza de dias melhores para todos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de janeiro de 2018

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