terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Estarrecimento ainda é pouco

As pessoas honestas, trabalhadoras, cumpridoras dos deveres cívicos, respeitadoras dos princípios da ética e da moral, que tentam levar a vida em estrito respeito aos primados da decência e da honorabilidade, por acreditarem nos valores de retidão e correção, que torcem pela urgente moralização da administração pública, mediante a punição exemplar aos infratores e malfeitores, em especial mediante a eliminação em definitivo do câncer da corrupção, certamente que ficariam estarrecidas e abismadas diante de estapafúrdia expressão dita, nada mais nada menos, pelo principal político brasileiro, ipsis litteris: “O Rio de Janeiro não merece que governadores eleitos democraticamente estejam presos porque roubaram dinheiro público”.
Chega a ser risível político com tamanha relevância no cenário inclusive internacional, concluir que roubar dinheiro público não deve levar o seu autor à cadeia, dando a entender que isso é normal na administração pública.
É realmente preocupante o sentimento que o líder-mor de importante partido, potencial candidato da legenda à Presidência da República, procure disseminar como lição de conduta, em se tratando do zelo que deve ser perseguido na gestão de recursos públicos, dando a entender que as pessoas eleitas democraticamente possam ter plenas liberdades, evidentemente sem sofrer punição, para roubar, desviando normalmente dinheiro do contribuinte, que seria aplicado em programas de interesse da população.
O político, que é réu na Justiça em sete ações por suspeita da prática dos graves crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, formação de quadrilha, tráfico de influência e obstrução de Justiça, disse a aludida sandice entre tantas outras barbaridades, sem sequer corar as faces, à militância intelectualizada do partido, que o assistia por ocasião de suas escalas inseridas nas caravanas, no Rio de Janeiro, evidentemente já em plena campanha eleitoral antecipada e notoriamente ilegal.
É lamentável que o político diga tal despautério agora que nem candidato é, mas, o que se pode esperar dele quando, se eleito, e tomar posse como presidente da República, que tem o poder nas suas mãos, podendo influir em tudo, inclusive nas empresas estais?
O político não esboça a mínima preocupação em disfarçar o seu sentimento como homem público, que precisa pautar-se às regras de conduta, como demonstra o seu visível desprezo pela ética, por ter eleita a Operação Lava-Jato, pasmem, como a grande vilã da história, que vem causando imensuráveis prejuízos à economia brasileira.
Como se sabe, foi exatamente aquela operação que, com competência e espíritos público e cívico de seus integrantes, conseguiu desbaratar o esquema criminoso que causou bilhões de reais de prejuízo na Petrobras, comandada por governos petistas, tendo colocado atrás das grades importantes ladrões de colarinho branco e obrigado a devolução de milhões de reais aos cofres da estatal.
Em demonstração de afronta e desrespeito ao desempenho sério e exemplar da Lava-Jato, o político chamou o responsável pelo trabalho de combate à corrupção de “um cara do mal” e de “surdo”, apenas pelo simples fato de ele não ter rejeitado as denúncias cujos fatos o próprio político não ter conseguido rechaçá-los, tendo-o condenado à prisão, pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Tentar desmoralizar autoridades e instituições constituídas legalmente faz parte da sua principal agenda, como forma de agredi-las por não compreender que ele é imaculado, conforme vem bradando aos quatro cantos, mesmo não tendo sido capaz de mostrar isso por meio das provas exigidas por lei.
A todo instante, ele se volta a desqualificar o Ministério Público, a Polícia Federal, a Justiça Federal, sobrando até para os ministros do Supremo Tribunal Federal, que já foram atingidos por palavras nada republicanas.
Os fatos mostram a evidência de dados e elementos investigados que o desmentem de forma categórica, mas ele prefere desprezá-los e tentar diminuir o tamanho da verdade real, por meio da costumeira e reiterada negação como estratégia para se desviar do cerco de provas que se fecham na direção ele, na esperança absurda de que o mantra segundo o qual a mentira repetida várias vezes acaba por se tornar verdade.
O que o político faz, na prática, quando tenta desmerecer as autoridades e instituições, tem o objetivo de pretender intimidá-las e ao mesmo tempo de desmoralizar o Estado Democrático de Direito, que é o pilar da civilização e da democracia, que se opõem ao franco sentimento de ditadura e anarquia, como acontece normalmente na Venezuela, conduzida de forma ditatorial e tirânica por simpatizante das esquerdas brasileiras, que flertam com o momento de instaurar no Brasil o terrível regime bolivariano, que foi apoiado e beneficiado pelos governos petistas com financiamentos para a realização de obras públicas que poderiam ter sido feitas no Brasil, para beneficiar os brasileiros.
O país não pode descuidar, porque, à toda evidência, inexiste sociedade que permaneça em adequada estrutura e em funcionamento estável fora dos parâmetros constitucional e legal, que dizem respeito ao primado dos princípios que alicerçam a República, mas há quem tente, ao sabor de suas conveniências políticas, tripudiar os melhores sentimentos de cidadania e civismo.
Por certo, o Brasil não pode mais aceitar que político calejado, com mentalidade retrógrada, envolvido em situações nebulosas na Justiça, já tendo sido condenado à prisão, e ainda, mais grave, defensor da liberdade de governadores que roubaram dinheiro público, porquanto o país dos brasileiros anseia por que o novo estadista tenha autêntico e verdadeiro espírito público, que possa transformá-lo em nação de bem e moderna, por meio das prementes reformas nas suas estrutura e conjuntura, como forma de acompanhar a evolução da humanidade.
Com absoluta certeza, o homem público implicado na Justiça e que defende abertamente a liberdade de ladrões de dinheiro público precisa ser repudiado, com o máximo de veemência, pelos brasileiros, que têm dever cívico e patriótico de escolher estadista de verdade, com perfil capaz de modernizar a administração do Brasil desejável para o seu futuro, a par de promover a verdadeira moralização das atividades públicas e a eliminação da vida pública dos políticos que demonstram, no dia a dia, o seu caráter nada republicano, que não respeitam os salutares e essenciais princípios que devem nortear as atividades político-administrativas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 2 de janeiro de 2018

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