terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Falsa estabilidade?

Um dia antes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) julgar seu recurso, o principal político brasileiro houve por bem discursar, em Porto Alegre, afirmando que não falaria sobre o caso referente ao tríplex do Guarujá, por considerar que a sua inocência, nesse caso, já foi provada perante a Justiça, embora ele ignore que o juiz da Operação Lava-Jato não tenha concordada com ele, que conseguiu reconhecer, nas provas constantes dos autos, a materialidade da autoria dos crimes denunciados contra ele.
O político não conseguiu deixar de mexer com o brio do Judiciário, com a provocação de que “Duvido que exista nesse País um magistrado mais honesto do que eu”.
Com discurso de verdadeiro candidato, o político disse que em fevereiro voltará a Porto Alegre para fazer “caravana”, ou seja, para fazer política antes da época, em ferimento à legislação de regência.
Ele disse, também em provocação à competência jurisdicional da Justiça e em menosprezo à incumbência dela para julgá-lo, como se ele estivesse acima da lei, que “Só uma coisa vai me tirar do que eu estou fazendo, é o dia que eu não estiver mais aqui”, dando a entender que ninguém pode julgá-lo e afastá-lo da vida pública.
Ele disse ainda que “não existe partido político melhor do que o PT” e que acredita que “a esquerda vai se unir em torno de um projeto para recuperar o País”, dando a entender que o partido dele não tem nada com a roubalheira que aconteceu na Petrobras.
O político disse também, em tom de avaliação, que o mercado “tem medo” de sua candidatura, tendo explicado que “Eu não sei se é medo do Lula voltar em 2018; se for medo, é bom. O mercado tem medo do Lula, mas eu não preciso do mercado, eu preciso de empreendedores, de empresas produtivas, de agricultores familiares”.
Durante ato promovido pelo PT e movimentos sociais, o petista focou seu discurso com pesadas críticas ao governo, tendo lamentado o que ele chamou de “desmontes” feitos no país, nos últimos meses, a exemplo das reformas da previdenciária e trabalhista.
O petista garantiu que o país “vai voltar” a crescer e readquirir a soberania nacional.
O político disse que “Eles inventaram uma doença grave, que se chamava PT e Dilma (Rousseff). Eles inventaram uma doença, deram uma anestesia e contaram mentiras. A gente continuou anestesiado e agora estamos acordando. Mas a doença que eles estavam tentando criar foi substituída por uma pior”.
O petista disse que está vendo o país ser “destruído” e que o governo vende uma “falsa estabilidade. Penso que eles estão destruindo o país e nós não estamos reagindo com a mesma força.”
Para o petista, a elite brasileira trata educação como gasto, mas o candidato que se comprometer com a questão vai ganhar a próxima eleição. Ele prometeu que, se for eleito presidente novamente, vai editar medida provisória para proibir que educação seja tratada como gasto.
Ao que tudo indica, a anestesia a que o petista se refere deve ser similar àquela que os governos petistas aplicaram no povo, que, por muito tempo, acreditou nos milagres da distribuição de renda, por meio dos benefícios do Bolsa Família, que ainda mantém os bolsistas vinculados à esmola do governo e não procuram emprego, para sustentar a sua família com a dignidade do suor do trabalho honrado.
Causa espanto o petista dizer que está vendo o país ser “destruído”, por verificar que o governo vende “falsa estabilidade”.
Na realidade, a verdadeira estabilidade petista deve ser a herança maldita de 14 milhões de desempregados, taxas de juros beirando os 15% a.a., inflação próximo de 10%, recessão econômica, dívidas públicas crescentes e impagáveis, rombos nas contas públicas, pedaladas fiscais, queda na arrecadação, desindustrialização, Bolsa de Valores em nível preocupante, abaixo de 40 mil pontos, retirado do grau de investimento do Brasil, desconfiança generalizada do governo, entre muitas outras mazelas que contribuíram para a desestabilização econômica do Brasil, país com potenciais reservas econômicas, que simplesmente caminhava celeremente para o abismo, diante da incompetência generalizada da administração do país.
Agora, parece até brincadeira de maluco dizer que há destruição do país, quando o governo conseguir estancar graves problemas da economia e retomar o caminho da estabilidade com o controle da inflação para abaixo da meta, no nível de 3% a.a., a redução para menos de 50% da taxa de juros, a Bolsa de Valores no patamar superior a 80 mil pontos, a economia voltando a crescer, mesmo que lentamente, mas mesmo assim é diferente de recessão continuada, além da volta da produção e do emprego, em níveis de país que passou a ser governado com a indispensável responsabilidade, por ter saído do preocupante caos existente no governo da petista afastada por indiscutível incompetência e irresponsabilidade com a coisa pública, como mostraram os fatos e os indicadores econômicos.
Não passa de insensatez e cruel irresponsabilidade tentar passar para o país informações mentirosas e inverídicas, contrariando frontalmente a realidade dos fatos, porque eles falam por si sós, basta ter a dignidade e a honestidade de reconhecer que a situação econômica de momento ainda é muito grave, mas já esteve muitíssimo pior quando o país estava sem governo e absolutamente ao deus-dará, sujeito às piores crises e tempestades, que somente se intensificavam, com a economia correndo a passos largos para o abismo.
Não há menor justificativa que o petista, a propósito de tentar fazer política fora da hora, contrariando a legislação de regência, critique a atual administração, tendo por base fatos falsos e ainda deixando de  reconhecer o fracasso da gestão petista, que é modelo de brutal incompetência, à luz dos indicadores deixados pelo governo afastado por impeachment, justamente pela prática de crime de responsabilidade, que significa o descumprimento das normas constitucionais sobre administração orçamentária e financeira.
Os brasileiros verdadeiramente patrióticos, que primam pelos princípios da verdade, honestidade, moralidade, dignidade, entre outros, precisam repudiar os políticos que inventam fatos na tentativa de se beneficiar politicamente, tendo por objetivo a dominação das classes política e social e a conquista do poder, não importando os fins empregados para se alcançar os meios, conforme tem sido o histórico reconhecido pelo próprio político, das mentiras protagonizadas pela candidata do seu partido, na última campanha eleitoral. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 24 de janeiro de 2018

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