quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Defesa da liberdade de importunar?

A apresentadora de televisão, que é a mulher mais rica dos Estados Unidos da América, fez discurso firme e inflamado pelos direitos das mulheres, nestes termos: “O que eu sei, com certeza, é que falar sua verdade é a ferramenta mais poderosa que todos nós temos. E eu estou especialmente orgulhosa e inspirada por todas as mulheres que se sentiram fortes o suficiente e empoderadas o suficiente para falar e compartilhar suas histórias pessoais.”.
Ela falou das mulheres do movimento Time´s Up, um fundo destinado a ajudar vítimas de assédio sexual e violência machista.
Em contra-argumentação, surge a figura de importante atriz francesa, encabeçando manifesto de 100 mulheres francesas rechaçando o uso do termo assédio pelo movimento norte-americano, na tentativa de minimizar as violências sofridas pelas várias vítimas que reclamaram na imprensa os abusos sofridos em postos de trabalho, em Hollywood.
As francesas disseram que “Defendemos uma liberdade (dos homens) de importunar”, como se abuso sexual não passasse de mero inoportuno, sem maiores consequências psicológicas.
Não passa de extrema leviandade tentar tratar casos seríssimos das denúncias de violência contra a mulher, dando a entender que os tarados passam de desequilibrados mentais à vítima, uma vez que as francesas procuram minimizar o lídimo movimento das norte-americanas, que tem o objetivo de denunciar a violência, ajudar várias pessoas e dar força para que outras não tenham medo de denunciar os deformados psicopatas.
O manifesto francês diz que Defendemos uma liberdade de importunar. Essa febre de enviar os ‘porcos’ ao abatedouro, longe de ajudar as mulheres a ganhar autonomia, serve na realidade aos interesses dos inimigos da liberdade sexual”, como se o assédio fosse tão somente forma de liberdade sexual, quando somente uma parte extravasa a bestialidade de se satisfazer por meio de seu instinto impudico e recriminável, em prejuízo da dignidade do ser humano, que, na interpretação distorcida ultrapassada das francesas, não tem o menor valor, diante da necessidade da preservação da liberdade sexual, que tem o direito de ultrapassar os limites dos direitos fundamentais dos direitos humanos.
Na verdade, até parece que o assédio sexual tivesse forma diferente nos EUA e na França, quando eles são exatamente marcantes em qualquer país, não sendo cabível que as francesas tenham sentimentos antagônicos dos das americanas, para o mesmo problema, porque situação de assédio é incômodo que se caracteriza, por si só, em qualquer parte do mundo, ante a forma agressiva como ele se processa pela parte poderosa, principalmente no ambiente de trabalho, em que do outro lado está pessoa ofendida é sempre fragilizada e impotente para evitar a agressão, inclusive sexual.
Um psicólogo definiu o que seja assédio, tendo afirmado que “Assediar é quando alguém usa do seu poder, seja financeiro, profissional, ou de qualquer outro tipo, para obter alguma satisfação sexual”.
O termo clássico de assédio sexual é quando a mulher é colocada em situação que não condiz com o respeito e a civilidade e isso passa a caracterizar constrangimento, em que ela se sente absolutamente incomodada, situação em que as francesas considerem normal, não havendo nada de errado nisso, senão reclamação em exagero.
Uma especialista em violência contra a mulher disse que “O problema é quando, como no caso do manifesto das francesas, se critica uma luta legítima e que ajuda muitas pessoas, que levou muito tempo para se configurar e ter a visibilidade de hoje. Esse tipo de posicionamento reforça a ideia de que mulheres competem e dá força aos homens para continuarem assediando sem se importarem com o bem-estar alheio.”.
O certo é que o comportamento precipitado e fora do contexto das francesas foi bastante criticado, mundo afora, inclusive na própria França, merecendo apenas o apoio e os aplausos de um ex-ministro italiano, que é considero o rei do envolvimento em escândalos sexuais no seu país, tendo sido condenado por corrupção, o qual disse que as francesas disseram “coisas santas”, em clara demonstração da insensibilidade para com o sentimento das mulheres.
Não tem o menor cabimento esse argumento retrógrado e injustificável das mulheres francesas de ficar defendendo homens desequilibrados mentais, por ficarem se imaginando que podem violar o respeito e a dignidade das mulheres, tão somente pelo simples desejo ou atração doentia incontrolável da masculinidade.
As mulheres norte-americanas estão cobertas de razão em descerem o malho nesses cabras que pensam que o poder da mídia e da fama tem o direito de ultrapassar os limites de civilidade e racionalidade, sob o pensamento de poder abusar normalmente por meio do assédio sexual, como se isso fosse apenas uma forma de atração de momento na sua vida.
É preciso sim pôr freios nos abusos e na promiscuidade como o assunto vinha sendo banalizado, de forma desrespeitosa, pelo simples prazer de se satisfazer de forma egoística e irresponsável, em que pese a evolução da humanidade, o que não significa que os brutamontes não precisem respeitar a dignidade do ser humano.
          Na verdade, é de se ver o que foi emergido e colocado à tona, em bom momento, tem a ver com o mundo das celebridades, por terem mexido com o brio das poderosas da atualidade, que foram exploradas no passado, quando no início de suas carreiras hollywoodianas.
Convém, por seu turno, também ter maior preocupação para com as mulheres que estão no início dos andares da vida, porque para essas não há gritos em sua defesa capazes de salvá-las, ante a notória despreocupação em defendê-las das garras do bicho homem, que nem mesmo as poderosas americanas conseguiriam se unir para denunciar a pouca-vergonha dos tarados, que poderiam muito bem se aquietar se a norma jurídica prever-se alguma forma de castração ou perda de potência para aqueles brutamontes extremamente afoitos e impetuosos, que extrapolam, de forma incivilizada e irracional, os sentimentos humanitários. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de janeiro de 2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário