sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A reaproximação de conveniência

A direção nacional do PT já elaborou documento com a lista das prioridades para 2018 e, entre os pontos postos em destaque, foram elencados a eleição do seu maior líder à Presidência da República, o aumento da bancada de deputados e senadores e a consolidação e ampliação da presença nos governos estaduais e nas assembleias estaduais.
Com relação à consecução do primeiro objetivo, qual seja, o regresso do ex-presidente ao Palácio do Planalto, os integrantes da executiva nacional do partido acreditam ser urgente a reaproximação dele com o empresariado.
Eles consideram que, sem o novo pacto com o que chamam de elite, a possibilidade de eleição passa a ser bem menor.
Segundo informações da coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente faria o aceno alegando a necessidade de construir campo competitivo para o centro-esquerda, que guarda coincidência com o que ele chegou a declarar, bem recente, que não é um radical.
Por sua vez, para se conseguir aumentar a presença do PT no Congresso Nacional e nos Estados, a direção do partido decidiu concordar com coligações locais, de forma ampla.
A posição do partido é no sentido de se “direcionar esforços para compor chapas fortes e balanceadas e buscar as melhores condições nas coligações, mesmo nos Estados onde somos governo”.
Sem a menor dúvida, trata-se de pacto mais que complexo, porque o líder-mor, quando não precisava de aproximação com ninguém, simplesmente bateu a porta na cara dos empresários, principalmente com aqueles com os quais fez negociatas que culminaram com a Operação Lava-Jato, que até hoje vem sendo o calcanhar de Aquiles dele, por não ter conseguido se desvencilhar de seus meandros, a exemplo da condenação à prisão, no caso do tríplex.
O PT reconhece que é preciso se reaproximar de empresários, mas fica difícil se saber se eles estão dispostos a aceitar essa convivência, logo com o partido que não merece a mínima confiança nem o respeito da sociedade com o espírito de moralidade, que não tem sido a índole do partido que quase quebrou a Petrobras, em nome, exclusivamente, da perenidade no poder e da dominação das classes política e social, em completa degradação dos interesses nacionais.
          Também é preciso saber se os empresários estão dispostos a correr o risco da perda de credibilidade junto à opinião pública, ao se envolverem logo com o PT, que já demonstrou a sua verdadeira ética, por meio dos escândalos que continuam sendo objeto de investigação pela Operação Lava-Jato.
É verdade que sempre existiu relação espúria entre os empresários e os políticos, mas, na atual conjuntura, a situação ficou bastante complicada, depois das investigações da Lava-Jato, por ter sido revelado o mar de sujeira formalizado entre eles.
Pelo menos, verifica-se a coerência ideológica do partido, no sentido de, quando não precisava, o cacique metia o malho na elite, aí incluída a classe empresarial, que foi criticada de forma agressiva por desaprovar a roubalheira revelada nas investigações da Operação Lava-Jato, mas agora surge essa ideia miraculosa de reaproximação com os empresários, justamente na tentativa de se beneficiar com o atendimento de pura conveniência e para ganhar a confiança de quem pode garantir apoio à eleição presidencial, por meio do auxílio de quem o partido sempre teve quando era poder.
Seria diferente se o partido mantivesse a posição agressiva contra a elite, que realmente já demonstrou que não comunga com os escândalos e as imundícies da desmoralização que até agora ninguém do partido assumiu a responsabilidade por tudo de ruim que aconteceu contra o país, o povo e a própria elite.
Fica muito difícil se acreditar se será possível a concretização dessa complicada reaproximação do partido com os empresários, que estão escaldados e desgastados diante dos escândalos e do mar de mentiras que vem se acumulando na história do partido, que tem, a todo custo, evitado se compromissar com a verdade, que seria a hipótese viável para a reconciliação construtiva, embora com a única finalidade de propiciar benefícios para quem tem dupla personalidade, como a de se mostrar amizade somente no momento da sua conveniência política, como é o presente caso. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 5 de janeiro de 2018

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