Desde quando o ex-ministro da Fazenda e da Casa
Civil dos governos petistas decidiu fechar acordo de delação premiada com o
Ministério Público da Operação Lava-Jato, o Partido dos Trabalhadores entrou em
visível estado de alerta máximo.
Em
depoimento ao juiz da Operação Lava-Jato, em setembro do ano passado, o
ex-ministro foi certeiro em golpear o ex-presidente da República petista, com
duras, inéditas e estrondosas revelações, quando referiu-se ao que ele
denominou de “pacto de sangue” entre
o político e a construtora Odebrecht, para financiamentos políticos e pessoais
dele, em troca de contratos com os governos petistas, em especial com a
Petrobras.
Antes,
ainda em abril, em forma mais de puro alerta, ele já havia avisado ao
magistrado de Curitiba que poderia apresentar “fatos com nomes, endereços e operações realizadas, um caminho que vai
lhe dar mais um ano de trabalho e que faz bem ao Brasil” e isso já tirou o
sono de muita gente do partido, por se tratar do anúncio de conversa versando
sobre chumbo grosso mandado em direção ao maior líder do partido e ao líder-mor.
Apesar
de a delação ainda estar, no momento, praticamente em "banho-maria", setores do PT seguem
traçando estratégias para tentar minimizar os prejuízos causados pelas
possíveis revelações do ex-ministro, que podem surgir em momento delicado por
que passa o petista.
Ao
que tudo indica, uma das estratégias, de acordo com importante colunista do
jornal Folha de S. Paulo, é esmiuçar
os depoimentos do ex-ministro, para se apontar lapsos de memória, em proveito
do acusado.
O
partido entende que não faz muito sentido se aceitar que a metralhadora do ex-ministro
e agora ex-petista tenha foco e alvo exclusivamente o ex-presidente.
O
ex-ministro deixou de ser filiado ao partido, em setembro do ano passado, quando
pediu à presidente nacional da sigla, por meio de carta solicitando a sua desfiliação
da legenda, que foi feita após a executiva do PT de Ribeirão Preto (SP)
aprovar, por unanimidade, a abertura de procedimento para a expulsão dele do
partido.
No
documento, o ex-ministro também acusou o ex-presidente de “sucumbir ao pior da política”, tendo reafirmado que ele estava negociando
acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e reiterado as
acusações feitas em depoimento ao juiz da Lava-Jato, e ainda mandou a ideia de que
o PT firmasse acordo de leniência “reconhecendo
as graves falhas e enfrentando a verdade”.
O
ex-ministro mostrou absoluta convicção sobre as revelações que fizera, diante
da segura afirmação de que “Estou
disposto a enfrentar qualquer procedimento de natureza ética no partido sobre
as ilegalidades que cometi durante nossos governos, as razões e as
circunstâncias que me levaram a estes atos e, mesmo considerando a força das
contingências históricas, suportar pessoalmente as punições que o partido
julgar cabíveis”.
Diante
da carga pesadíssima que constituem os fatos revelados pelo então petista, com
a dureza da verossimilhança e da plausibilidade, com poder devastador de
arrasar por completo a já enlameada reputação pessoal e política do maior líder
petista, que se encontra implicado com inúmeras denúncias na Justiça, pouco
importa o esmiuçar os depoimentos do
ex-ministro, para se apontar lapsos de memória”, exatamente porque
dificilmente isso terá o condão de sequer abalar as estruturas fundamentais e
profundas das denúncias em si, que são simplesmente arrasadoras.
O
partido poderia até evitar piorar o seu já bastante desgastado conceito se
tivesse a sensibilidade e a dignidade de aceitar o conselho do conceituado
delator, no sentido de aceitar a realidade sobre os fatos, declinando-se ao
acordo de leniência, “reconhecendo as
graves falhas e enfrentando a verdade”, ao invés de procurar esmiuçar algo
que certamente não passa de desculpa esfarrapada, com resultado absolutamente
inócuo e sem a menor validade jurídica, que somente reafirma a fragilidade da
parte que prefere se omitir e deixar de reconhecer a homérica culpa por atos e
fatos que causaram astronômicos prejuízos ao patrimônio dos brasileiros.
Certamente
que a Justiça cuidará de revelar, mais cedo ou mais tarde, a verdade para a ávida
sociedade, igualmente lesada na sua dignidade como responsável por eleger os
homens públicos, que não tiveram a sensatez e a sinceridade de assumir as suas
culpas pelos fatos que causaram astronômicos prejuízos ao patrimônio dos brasileiros.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de janeiro de 2018
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