sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Pretensões descabidas e ilógicas

Em entrevista concedida pelo líder da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), o deputado federal pelo Rio Grande do Sul afirmou que o seu líder-mor será candidato à Presidência da República, independentemente de qualquer decisão adotada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), no próximo dia 24, no julgamento do processo a que se refere o caso do tríplex, do Guarujá (SP).
O líder da bancada petista assegurou que “Qualquer decisão que seja tomada no âmbito do TRF-4 ou pela Justiça não impede que Lula seja inscrito candidato”.
Ele deixou claro que não há, no ordenamento jurídico brasileiro, qualquer impedimento à candidatura do ex-presidente ou que impossibilite que seu nome e sua fotografia estejam na urna, salientando que “O povo brasileiro terá sim a oportunidade de votar em Lula”.
O petista foi enfático com a refutação de que qualquer ideia de plano “B” ou “C”, como alternativas ao nome do ex-presidente, porque “o PT trabalha com um único plano, o plano Lula. Não existe nenhuma possibilidade de o PT oferecer à sociedade brasileira qualquer outro nome para ser candidato à Presidência da República que não seja o do nosso companheiro Lula”.
O líder da bancada do partido asseverou que “Não aceitaremos de maneira nenhuma que Lula seja retirado do processo eleitoral, porque eleição sem Lula é fraude. Eleição sem Lula é golpe! Por isso, precisamos compreender e ter tranquilidade para reafirmar em todos os momentos, em todas as oportunidades: Lula será candidato! Lula será o próximo presidente da República”.
Não há a menor dúvida de que soa com muita estranheza essa compostura arrogante e prepotente do líder petista para com a imaginação sobre a insensibilidade dos brasileiros, quando ele assegura que “Eleição sem Lula é golpe”, porque ele se refere a homem público que já foi condenado à prisão, por nove anos e seis meses, na primeira instância, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de ele responder a outros processos penais na Justiça.
À toda evidência, esses fatos, que são maior gravidade, não condizem, em absoluto, com pessoa em condições de representar o povo, exatamente porque é humanamente impossível que alguém tenha a imaturidade, a ingenuidade de pretender ser presidente do Brasil respondendo a graves acusações sobre a prática de atos irregulares, porque isso não se harmoniza com a decência e a dignidade que se exigem para o exercício de cargo público da relevância de mandatário do país ou qualquer outro, porque a representatividade política implica, necessariamente, estar o candidato em condições a atender aos requisitos inerentes à Ficha Limpa.
Os princípios republicanos da ética, moralidade, honestidade, dignidade, entre outros, precisam ser fielmente observados por quem quer que pretenda se candidatar a cargo público eletivo, porque isso é condição sine qua non para ser representante do povo, a ser eleito entre aqueles que reúnam as qualidades de competência político-administrativa e satisfaçam às exigências da legislação eleitoral, inclusive sobre o atendimento aos indispensáveis requisitos de idoneidade e conduta moral, o que, por certo e infelizmente, não é o caso do candidato a que se refere o líder da bancada petista, eis que inocente, no momento nem tão cedo, ele é, por se encontrar com sérias implicações na Justiça, respondendo, como réu, a vários processos.
É precisa que isso seja resolvido, previamente, para depois ter condições de legitimidade para representar o povo, que nunca esteve tão ansioso por políticos totalmente desembaraçado com a Justiça e completamente imune a qualquer suspeita quanto aos seus atos na vida pública.
Na verdade, a defesa intransigente que vem sendo feita pela candidatura do petista-mor poderia ser feita, ao contrário, no sentido de se exigir que ele comprove, com elementos de provas exigidos pelo ordenamento jurídico, a sua inocência, antes de pretender se candidatar, porque a imposição de candidato que não preenche os requisitos de idoneidade e conduta imaculada não passa de pressão absolutamente abusiva, descabida e ilógica, eis que isso não procede nem mesmo nas piores republiquetas, onde há o mínimo de respeito à dignidade dos eleitores e ao ordenamento jurídico pátrio.
Por seu turno, também é bastante temeroso e precipitado se afirmar que o “Lula será o próximo presidente da República”, porque isso precisa primeiro ser avaliado pelo acurado crivo dos brasileiros conscientizados sobre o que seja realmente interessante para o Brasil que precisa urgentemente de mudanças profundas nas estruturas e conjunturas do Estado, principalmente quanto aos aspectos da moralidade, quando é sabido qual a verdadeiro origem dos terríveis escândalos do mensalão e do petrolão, que deixaram marcas terríveis e indeléveis nas memórias dos brasileiros bem mais esclarecidos, que pensam verdadeiramente no futuro com palpáveis melhorias do país, sem a demagogia do populismo e a resistência às reformas imprescindíveis ao desenvolvimento socioeconômico da nação.
Na realidade, o país somente tem condições de progredir com a escolha de estadista de vanguarda, que tenha a mentalidade de transformação do Brasil em país que possa crescer de forma harmônica, sem pensar exclusivamente em políticas de distribuição de renda, de programas sociais - por terem a recompensa do voto certo -, sem a preocupação com o incremento das ações essenciais que sejam realmente capazes de gerar os fundamentos para o crescimento em conjunto, como um todo.
Os brasileiros precisam avaliar e ponderar sobre descabida imposição de candidaturas que não estejam em sintonia com os verdadeiros anseios de progressos para o Brasil, principalmente quanto à conquista da credibilidade de nação que preserva os princípios republicano e democrático, levando-se em conta a mentalidade dos políticos que se revelem, sobretudo, interesse em defesa e zelo das coisas públicas, com embargo daqueles que estão muito mais devotados e preocupados com as causas paroquianas, compreendendo partidos e alianças de grupos políticos, além de organizações e entidades de classes, como forma de absoluta dominação territorial e da conquista do poder e da permanência nele. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 19 de janeiro de 2018

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