terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Repúdio ao deboche

          Embora condenado no mensalão e novamente na Operação Lava-Jato, em segunda instância, sob a acusação de receber propinas milionárias até mesmo quando estava preso, o ex-ministro da Casa Civil da Presidência da República resolveu agora, de forma escrachada, debochar da dignidade dos brasileiros.
Vejam-se que, aproveitando a passagem de Ano Novo, ele mandou mensagem para a militância de seu partido, dizendo que o país não pode se curvar à “ditadura da toga”, com críticas diretas e duras ao Poder Judiciário, por ter condenado à prisão de nove anos e seis meses o ex-presidente da República petista, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o que pode levá-lo à cadeia e torná-lo inelegível, se a apelação dele for considerada improcedente pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Turma.
Os dois petistas são velhos amigos, sendo fundadores do PT, mas agora ambos têm mais um ponto em comum, além da militância partidária, tendo participado ativamente, segundo as investigações, no comando de quadrilha, do esquema criminoso responsável pelo desvio de bilhões de reais dos cofres da Petrobras.
O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) disse, a despeito da agressão do petista aos magistrados, que a postura firme do Poder Judiciário, ao processar políticos e poderosos, que “dilapidam o patrimônio público”, é que faz gerar críticas como as do petista.
Ele disse à revista IstoÉ que “A opinião do ex-ministro reflete a posição daqueles que estavam acostumados com a impunidade, que se sentiam acima da lei, imunes à jurisdição criminal. A realidade hoje é outra. A Justiça está processando e condenando poderosos. Por isso, surgem essas acusações de que o Judiciário está usurpando a competência do Executivo e do Legislativo. Isso não é verdade”.
A situação do ex-ministro é ainda mais delicada do que a do ex-presidente, porque, estando solto por força de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, em maio de 2017, e monitorado por tornozeleira eletrônica, ele já foi condenado em segunda instância, cujos embargos de declaração foram negados pelo TRF da 4ª Região e está na iminência de ser preso novamente, para o cumprimento da prisão de mais de 30 anos.
É evidente que, se ele tivesse sido recolhido à prisão, não teria conseguido participar da vida política do partido e muito menos incitado a militância em suas estratégias de se posicionar contra o julgamento do líder-mor, além de também não ter como hostilizar o Poder Judiciário, na tentativa de tripudiar acerca da condenação do todo-poderoso, na segunda instância.
Como é do seu feitio, o petista vem articulando a candidatura do líder-mor e, para tanto, ele usa formas de comunicação pela internet, a exemplo da gravação que foi divulgada no fim de 2017, onde ele manda recado muito claro aos militantes, no sentido de que “A luta começa no dia 24 em Porto Alegre, onde vamos manifestar nossa revolta contra essa tentativa de cassar Lula, de impedir que ele seja candidato”.
Ainda nessa mensagem de Ano Novo, que foi divulgada no site “Nocaute” de escritor petista, o ex-ministro simplesmente convocou a militância à luta, para garantir no grito e na marra a candidatura do líder-mor, tendo comparado a situação do ex-presidente com a ditadura militar, que governava “por atos institucionais”.
O petista mencionou o “golpe” do impeachment e fez críticas às articulações para a implantação no país o regime semipresidencialista e ao Poder Judiciário, tendo afirmado que “Querem usurpar o poder do Legislativo e do próprio Executivo, refazer a Constituição, violando direitos, garantias fundamentais. Tudo em nome de impedir Lula de ser candidato”.
O ex-ministro evitou mencionar nomes, mas fez desafio direto, dizendo que “juízes não foram eleitos”.
O petista agitador e insolente concitou a militância a se unir com o propósito de “não permitir a ditadura da toga” e que os petistas devem “combater para garantir a candidatura de Lula”, mesmo que ele seja declarado inelegível, que depende apenas do improvimento da sua apelação.
          Esse requintado superladrão já foi condenado, somente na Operação Lava-Jato, por duas sentenças proferidas pelo juiz de Curitiba, sendo que a primeira foi ampliada, em dez anos, pelo TRF-4, passando de 20 para 30 anos de prisão.
O total das duas sentenças condenatórias atinge 41 anos de prisão para esse criminoso, que mesmo nessas condições de reconhecida indignidade com a coisa pública, ainda fica agindo nos bastidores do partido, que cada vez mais perde credibilidade e respeito, por permitir que pessoa da pior estirpe, sem qualificação, fique agindo de forma a incentivar a baderna e a desordem entre a militância de seu partido, que igualmente não tem condições de sequer existir, por dar guarida a bando de políticos condenados à prisão, por ladroagem de dinheiro público.
Nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos, econômicos e democráticos, quem for condenado à prisão é imediatamente recolhido ao xadrez, para o cumprimento da pena que lhe foi aplicada pelo poder competente, podendo, se for o caso, recorrer, mas preso, ficando em completo estado de reclusão, isolado e incomunicável com a sociedade, justamente porque o isolamento social é forma normal do condenado pagar por seus pecados.
Não obstante, na esplêndida República tupiniquim, contumaz ladrão de dinheiro público, condenado a mais de trinta anos de prisão, por corrupção, pode permanecer em liberdade, de forma completamente injustificável e absolutamente inexplicável, em cuja soltura ele ainda pode promover agitação no seio da militância petista, na qual tem forte influência, para se manifestar, de forma violenta, com o julgamento de outro criminoso do quilate dele, além de insultar e agredir as autoridades e as instituições constituídas, em total desrespeito à ordem pública e às leis do país.
          O petista extrapolou o seu direito de liberdade condicional e provisória, por ter incitado a desobediência civil, destratado a dignidade de magistrados e ainda agredido a honradez dos brasileiros, que certamente concordam que lugar de criminoso já condenado à prisão é na cadeia, sem nenhum direito a se manifestar sobre coisa alguma, salvo pela obrigação de agradecer pelos cuidados dispensados a ele na prisão, ainda às expensas dos tolos dos brasileiros, que, mesmo roubados por criminoso degenerado e insolente, ainda são obrigados a sustentá-lo na cadeia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 9 de janeiro de 2018

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