Seguindo
à risca o roteiro inevitável das ditaduras, que não toleram a mínima
discordância, o regime chavista comandado com mão de ferro pela tirania do presidente
cruel e desumano só faz aumentar a repressão aos meios de comunicação que ainda
ousam – agora em número cada vez menor – criticar atos do governo.
O
Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol)
mostra, no seu relatório anual de 2017, a cruel realidade sobre a velocidade do
crescimento da progressividade imprimida pelo governo com relação ao fechamento
do cerco à liberdade de imprensa na Venezuela.
Aquele
sindicato diz que o regime ditatorial atua, de forma abrangente, em duas
frentes, ou seja, diretamente sobre os órgãos de comunicação e na intimidação a
jornalistas, por meio de detenções e agressões.
Somente
em 2017, foram fechados 69 veículos de comunicação, sendo 46 emissoras de
rádio, 3 televisões e 20 jornais, mediante procedimentos autoritários e
discricionários, como no caso das emissoras, em que a tática é a de não renovar
as concessões de funcionamento, ficando explícito que somente há renovação, em
forma de privilégio, para os órgãos dóceis e submissos ao regime.
No
caso dos jornais não se submetem aos seus desejos do regime bolivariano, para
tornar impossível a sua sobrevivência, o governo usa seu poder de não conceder
os dólares necessários para a importação de papel de imprensa, obrigando o
fechamento deles.
Nessa
linha duríssima contra os meios de comunicação, as sedes de 14 outros veículos
de comunicação sofreram ações de intimidação das autoridades bolivarianas, que
têm sido vistas como atos de preparação para o fechamento, muito em breve,
também deles.
Na
repressão aos jornalistas, o sindicato disse que foram registradas 498
agressões feitas por policiais e militares – das quais 273 durante a cobertura
das manifestações contra o governo, que deixaram o saldo de 125 mortos – e 66
detenções de profissionais.
O
número de agressões foi 26,5% maior que o do ano de 2016, fato que mostra como
vem se acelerando a escalada de violência contra os jornalistas, que trabalham
sob rigorosa censura.
Da
perseguição aos meios de comunicação, a insensatez da repressão não livrou
sequer as emissoras de televisão estrangeiras, a exemplo das colombianas RCN e
Caracol e da rede norte-americana CNN em espanhol, que foram proibidas de atuar
na Venezuela, justamente por transmitirem para o resto do mundo a verdade nua e
crua sobre a crueldade ditatorial imposta naquele país.
Na
tentativa de mostrar aparente legalidade aos ataques cerrados e sistemáticos à
liberdade de expressão, o regime ditatorial chavista inventou a Assembleia
Nacional Constituinte, que foi “eleita” de propósito, tendo como principal
escopo satisfazer as suas vontades de pura tirania, como a aprovação da lei que
pune com pena de 20 anos de prisão e exclusão dos meios de comunicação os jornalistas
que ousarem discordar da ditadura sanguinária implantada na Venezuela.
As
emissoras que forem apenas consideradas em estado de rebeldia, que conseguiram escapar
do fechamento puro e simples, o Estado tem o poder de obrigá-las a difundir,
por durante 30 minutos semanais, matérias que promovam “a paz, a tolerância e a igualdade”, como se isso acontecesse
realmente naquele país de índole repressora.
Na
prática, o regime bolivariano montou verdadeira armadilha para enquadrar, sem escapatória,
os órgãos de comunicação ou jornalistas que ousem pensar diferente do chavismo
ou contrariá-lo.
Segundo
o mencionado sindicato, os reais objetivos da repressão à imprensa são o de realmente
esconder da população, o máximo possível, os erros, as mazelas e as arbitrariedades
impostos pelo regime ditatorial, o que somente tem sido possível na forma de “silenciar, a qualquer preço, o
descontentamento causado pelas situações econômica e social cada vez mais
críticas”.
Não
há a menor dúvida de que a truculência contra os meios de comunicação na
Venezuela é forma arranjada para se evitar que sejam omitidas as levas de notícias
ruins, dando conta do verdadeiro desastre causado pelo famigerado governo
chavista, que se encontra completamente mergulhado no caos e no abismo, em
profusão de fatos lamentáveis, com a própria falência dos serviços públicos, o
desastre da economia, representada pelas hiperinflação, escassez de alimentos e
medicamentos, entre outras tantas mazelas a sinalizar para o fim trágico
daquele país.
Enquanto
era divulgado o relatório do SNTP, outro importante levantamento estava sendo
noticiado pelo Observatório Venezuelano da Violência (OVV), que mostra
estatística estarrecedora e impressionante sobre a violência naquele país, que foi
o segundo mais violento da América Latina, só perdendo para El Salvador.
Segundo
o referido levantamento, em 2017, foram registrados 26.616 assassinatos na
Venezuela, mostrando altíssimo índice de 89 assassinatos por 100 mil
habitantes.
O
OVV esclarece que o expressivo aumento da violência é “uma nova forma de criminalidade, inédita no país”, que é vinculada
às crises que grassam naquele país, tendo se verificado que muitas mortes “são provocadas por disputas por alimentos
até entre integrantes da mesma família” e que essa triste situação “é apenas o aspecto mais dramático da crise
gerada pelo chavismo, que está semeando a fome e o desespero na Venezuela.”.
Ante
as ilimitadas dificuldades para solucionar as graves crises, de toda ordem,
criadas pelo desastrado regime socialista, o governo se volta contra a imprensa
e os meios de comunicação, para impedir que os fatos não possam ser divulgados,
na sua real extensão de pura desumanidade contra a população, que é a principal
vítima da incompetência e da ganância de trogloditas, que simplesmente utilizam
o povo como massa de manobra, submetendo-o aos piores sacrifícios, para
permanecerem no poder.
Como não tem como resolver a crise, pois só há
incompetência para provocá-la, uma das alternativas eficazes, como forma
possível para a perpetuação no poder, a qualquer custo, como atitude própria
das ditaduras, é aumentar, em escala crescente e acelerada, a repressão aos
meios de comunicação, na tentativa de silenciar a imprensa, que tem o poder de
denunciar os desmandos e os maus-tratos contra a população.
Os
brasileiros precisam se cuidar acerca do péssimo exemplo de perseguição à
imprensa, porque ele pode ser seguido, sem a menor dificuldade pelo principal
político brasileiro, que já disse, em bom e alto som que, se eleito presidente
do país, uma de suas metas prioritárias é exatamente a regulação dos meios de
comunicação, pelo fato de eles serem acusados da divulgação das notícias dando
conta dos escândalos ocorridos na Petrobras, que, segundo ele, são responsáveis
por prejudicarem seus projetos políticos e os do partido dele.
Com
certeza, essa regulação deverá seguir o modelo draconiano da Revolução
Bolivariana, tendo por meta o enquadramento das empresas de comunicação, que
ficarão impedidas de bem informar, que é exatamente o seu principal ofício.
Convém
que a sociedade se manifeste, o quanto antes possível, com recado claro e
objetivo para os políticos brasileiros de esquerda de que, ante a sublime
importância do saudável princípio da transparência, próprios das nações sérias,
civilizadas e evoluídas, em termos políticos e democráticos, onde ele é
defendido com ardor, não comunga com a ideia absurda e ditatorial de regulação
dos meios de comunicação, que tenha por finalidade qualquer forma de restrição
da importante missão institucional de bem informar os fatos, ante a sua
relevante contribuição ao desenvolvimento econômico e social do país. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 6 de janeiro de 2018
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