sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

O perigo das armadilhas

Segundo cálculos publicados pela firma de consultoria financeira Ecoanalítica, que teria registrado, em dezembro, inflação mensal de 81%, a Venezuela pode ter quebrado recordes negativos e fechará 2017 com inflação acumulada equivalente a 2.735%.
Um diretor da aludida firma, que é economista, lembrou que a inflação acumulada de 2016 foi de 525%.
O Governo e o Banco Central venezuelanos não informam nem publicam dados sobre a inflação e outros indicadores econômicos, desde o ano de 2015, ficando as consultorias privadas, como Ecoanalíticas e Econométrica, incumbidas de mensurar o desempenho econômico, sobre os quais também oferece cálculos o Parlamento, único poder do Estado sob o controle da oposição, mas não consegue produzir nada sobre a sua principal função de legislar, diante do veto imposto pelo Poder Judiciário, comandado pelo presidente ditador daquele país.
Segundo levantamentos promovidos pelas referidas fontes, a Venezuela entrou tecnicamente em hiperinflação há semanas, ao superar o limite de 50% de inflação mensal.
Em relatório apresentado perante a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, exigido para poder haver comercialização de bônus nesse país, o Governo chavista registra a queda do PIB, em 2016, em 16,5% e admite inflação acumulada de 274,4%, para esse ano.
Não obstante, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Venezuela é o único país do mundo que fechará 2017 com inflação anual de quatro cifras.
Tecnicamente falando, a inflação mede o aumento dos preços de produtos e serviços e é considerado fenômeno marcado pela desvalorização da moeda e da perda do poder de compra da sociedade.
Por sua vez, as causas da hiperinflação são a injeção descontrolada de dinheiro base no sistema e a queda da produção de bens, que contribuem para o desequilíbrio entre a abundância de dinheiro e a escassez de oferta de produtos.
Desde sua chegada ao poder, em 1999, os governos chavistas subiram o salário mínimo mais de 40 vezes, enquanto milhares de empresas foram simplesmente nacionalizadas, ou seja, estatizadas de forma arbitrária e ilegal ou fecharam suas portas, diante do terrível controle da economia exercido com mão de ferro pela ditadura.
Causa espécie que o governo venezuelano justifique a bancarrota da economia do pais sob a culpa da "inflação induzida" pelos Estados Unidos da América, do sistema financeiro internacional, da oposição e de alguns empresários e comerciantes locais que são acusados de "especulação", mas jamais assume a culpa pelas desastradas políticas de governo, notadamente quanto ao rigoroso controle econômico ditado pelo regime socialista, que nada é liberado para importação sem passar pela extrema censura totalitária, que tem sido regra se vetar tudo que não seja conveniente ao regime.
Nesta linha, houve o pronunciamento do economista espanhol diretor do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG), que denunciou "crime econômico" por parte do "sistema financeiro internacional" e dos Estados Unidos da América, que teriam contribuído para a grave crise que grassa na Venezuela.
Em texto intitulado "As provas do crime econômico contra a Venezuela", o citado economista aponta "para a contínua agressão econômica que vem sofrendo" o país caribenho nos últimos anos, algo que atribui a "razões geopolíticas".
Convém se atentar que o mencionado economista participa regularmente de atos do governo bolivariano, sendo que ele qualificou de "improcedente" o risco que as agências de qualificação outorgaram à Venezuela, uma vez que esta tem cumprido até agora seus compromissos de dívida, mas essa assertiva não é verdade, porque aquele país deixou de pagar, recentemente, uma  parcela da sua dívida com o Brasil, o que representa default dado por aquele país e isso é muito grave, porque demonstra que ele está realmente quebrado, sem condições de honrar seus compromissos junto aos credores.
Em linhas gerais, a economia bolivariana pode ser classificada de verdadeira catástrofe, porque se encontra mergulhada em profundo abismo, a sentir pela inflação em nível estratosférico, acima de 2.000%, levando a crer que não existe, em termos econômicos, purgatório maior para a população, que tem seu poder de compra completamente destruído, à vista da hiperinflação mensal superando os 80%.  
Não há a menor dúvida de que é bastante emblemático e estranho como os esquerdistas tupiniquins defendem o destroçado e falido governo bolivariano, com todos os indicativos e fatores completamente inaproveitáveis, em termos de benefício para a sociedade, diante da catástrofe generalizada na gestão das políticas públicas, todas absolutamente em frangalhos que não podem servir de modelo senão para que não seja seguido nem mesmo pelas piores republiquetas, quanto mais para o país com as riquezas e grandezas econômicas e social do Brasil.
Chega a ser ridículo que as esquerdas possam ter o sentimento de apoio a regime socialista que somente tem condições de proporcionar martírio, sofrimento e desgraça à população, como o exemplo mais patente e escrachado por que passam os venezuelanos, que estão provando do próprio veneno, por terem colocado no poder a classe política da pior espécie, como mostram os resultados da sua gestão, com a revelação de que o país é recordista de todas as práticas administrativas maléficas, que estão contribuindo para a degeneração da qualidade de vida naquele país, com o reconhecimento de que o povo vive em plena crise humanitária, pela constatação da falta de alimentos, produtos de primeira necessidade, medicamentos e demais gêneros essenciais à sobrevivência.
Além dessa completa desgraça, os venezuelanos perderam o usufruto da plena liberdade, por terem sido privados dos direitos humanos e dos princípios democráticos, que são conceitos fundamentais que precisam ser respeitados nos países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos.
Então seriam essas “benesses” que os doentes esquerdistas idolatram como sendo fruto ideal do regime socialista e que poderia ser implantado normalmente no Brasil, porque o socialismo não passa disso, de defender a igualdade social, para que igualmente o povo possa sofrer em igualdade os horrores da ditadura de que resulta o governo troglodita, a exemplo do que está acontecendo na Venezuela, a cores e ao vivo, sem que o povo possa fazer absolutamente nada para evitar as truculências resultantes das mazelas criadas com o apoio dele, do povo, nas urnas, porque os tiranos que o maltratam agora nada mais são do que as escolhas dos eleitores?
Urge que os brasileiros, aproveitando os trágicos e horripilantes exemplos vindos da Venezuela, cuidem de rechaçar, a qualquer preço, as promessas miraculosas dos partidos de esquerda, que disseminam as “bondades e benesses” da igualdade social, principalmente para seduzir a simpatia da população menos informada e esclarecida, que desconhecem o perigo das armadilhas preparadas para o caminho do abismo e da tragédia que isso pode resultar, exatamente na forma da inevitável desgraça que tomou conta daquele país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 5 de janeiro de 2018

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