quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O temor da retaliação

Assessores do Palácio do Planalto estão se esforçando para evitar conflitos entre o presidente da República e o presidente do PTB, diante das polêmicas envolvendo a nomeação da filha dele, que é a deputada federal carioca, para o Ministério do Trabalho.
Segundo o Blog de um jornalista do G1, o presidente esperava que a própria deputada desistisse da nomeação para evitar desgaste do próprio nome, mas, como isso não aconteceu, o Palácio do Planalto decidiu continuar peregrinando na Justiça, com vistas à solução do imbróglio.
Um aliado do peemedebista disse que o presidente do PDT é a última pessoa com quem o mandatário brasileiro deve brigar, porque “Jefferson é um aliado importante, mas como adversário pode causar um estrago bem maior”. O petebista foi delator do caso do mensalão, em 2005.
Esse caso da nomeação de pessoa, em princípio, sem qualificação para comandar ministério mostra o nível de desmoralizado da administração do país, onde o presidente da nação fica literalmente à mercê de político sem caráter, condenado por corrupção e agora impostor, que mete medo aos assessores palacianos quanto à possibilidade de ele incendiar as hostes do governo, caso seja retirada a nomeação em tela.
Por seu turno, a insistir com a nomeação da filha desse impostor, fica muito clara a troca ou compra de votos do PTB, para aprovação de projetos de interesse do governo no Congresso Nacional, mostrando a força do vergonhoso esquema do “toma lá, dá cá”, além do temor de se haver revide na desistência da questionável nomeação, com possíveis repercussões prejudiciais aos interesses do governo.
De mais a mais, a manutenção da nomeação da deputada mostra a que ponto a classe política é corrompível e o pior é que todos aceitam que a degeneração se consolide entre eles, por entenderem que essa pouca-vergonha faz parte do jogo político, mas a indignidade precisa ser denunciada e repudiada, em nome da moralização da administração pública, que não pode continuar sendo comandada por homens públicos sem dignidade, caráter, responsabilidade e espírito cívico e patriótico.
É visível que a administração pública atingiu o mais baixo nível da degradação moral, onde o presidente aceita, com a maior naturalidade, que bandidos imponham condições para a nomeação de relevante cargo de ministro, sob pena de haver revide e retaliações, o suficiente para que o presidente do país baixe a cabeça e permita que a administração pública seja comandada e dirigida por pessoas sem o mínimo de qualificação nem profissional e muito menos moral.
Trata-se de pessoas que demonstram apenas preocupação com a defesa de interesses pessoais e partidários, em detrimento das causas nacionais, em cristalina demonstração da progressiva corrosão das instituições republicanas, além da intensificação dos métodos degradantes da inteligência e da intelectual da população e o pior de todo esse horroroso processo é que não se vislumbra uma nesga de luz no fim do túnel.
A degradação moral da gestão pública chegou a tal ponto que o presidente da República, que tem a obrigação de dar bons exemplos de dignidade e honradez aos brasileiros, faz aliança com partido que é comandado por pessoa que não merece a mínima credibilidade, por já ter sido condenado com prisão pela Justiça, em decorrência de ter se envolvido com organização criminosa que desviava dinheiro público, no conhecido escandaloso episódio do mensalão, que teve como alvo principal o PT, o qual, certamente, teria sido o embrião do petrolão.
Fala-se que o presidente do país teria sido orientado por assessores para evitar contrariar o presidente do partido que recebeu, como fiel donatário, o Ministério do Trabalho, que não teve a menor cerimônia nem escrúpulo de indicar a sua filha para comandá-lo, a despeito de ela ter sido condenada pela Justiça do Trabalho a indenizar ex-empregado, pelo fato de não ter assinado a carteira do trabalho dele, que é obrigatório, segundo as normas aplicáveis à espécie.
Como se vê, trata-se de aliança tão espúria que o simples rompimento pode ser doloroso para o mandatário do país, que poderá ser desmoralizado diante de possíveis ameaças por parte do presidente condenado pelo mensalão.
Tudo isso demonstra a total degeneração moral do presidente da República, que é obrigado a manter sua nomeação, cercada de questionamentos, para comandar um dos ministérios do seu governo pessoa que a Justiça reconhece como incapaz moralmente para exercer o relevante cargo, sob pena de afrontar, de forma flagrante, o princípio da moralidade pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 10 de janeiro de 2018

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