As
pessoas que acompanham o cotidiano das notícias sobre as atividades dos
principais políticos brasileiros devem ter percebido que algumas declarações proferidas
pelo maior político da atualidade não se harmonizam com os fatos de que se
tratam.
Quando
da sua passagem pelo Rio de Janeiro, integrando a caravana que se assemelha à
campanha eleitoral antecipada e ilegal, o político atribuiu, na maior
serenidade, a culpa pela calamidade daquele Estado ao trabalho desempenhado
pela Operação Lava-Jato, deixando transparecer o seu repúdio ao combate
persistente à corrupção e à impunidade, que tem sido a marca indelével dela, o
que certamente incomoda bastante as pessoas que estão implicadas com a Justiça
e não conseguem demonstrar contestar os fatos denunciados, em relação a elas.
Ainda
no mesmo discurso, o político teve a insensatez de defender a roubalheira nos
cofres públicos, quando afirmou que “o
Rio não merece que governadores eleitos democraticamente estejam presos porque
roubaram dinheiro público”, dando a entender que é normal políticos roubarem
e permanecerem livres e impunes.
Em
estágio um pouco mais avançado de demência mental, o político ainda teve o
despautério de dizer que inventaram o que chamou de “doença da corrupção”, com a finalidade de atrapalhar a candidatura dele
ao Palácio do Planalto, neste ano.
Em
sã consciência e analisadas as aludidas declarações proferidas pelo político,
conclui-se que elas se distanciam, de forma descomunal, entre o discurso e a
realidade dos fatos, por haver tremenda disparidade e incoerência com a verdade
real dos acontecimentos.
Um
publicitário interpretou assim as declarações do político, in verbis: “Às vezes parece que o Lula dormiu quando deixou a
presidência, no auge da popularidade, e acordou só agora, sem ter acompanhado
nada do que aconteceu nos últimos anos”.
Acontece
que nada vem sendo tramado pelo político que não esteja inserida na sua órbita
estratégica, que se enquadra na narrativa alternativa, bem distanciada dos
fatos reais, justamente para tentar impressionar a opinião pública, que se
pauta em ideia política para chamar a atenção da imprensa e dos analistas, que
está sendo explorada agora, como novidade, possivelmente para tentar se criar
ambiente diferente dos fatos propriamente dito da Operação Lava-Jato.
Essa
forma de se criar fatos inexistentes e defendê-los insistentemente tem muito a
ver com a teoria atribuída ao ministro de propaganda hitlerista, que concluiu
mais ou menos assim: “uma mentira,
repetida à exaustão, acaba por se tornar verdade.”.
Ocorre
que, no mundo moderno, com o avanço dos meios de comunicação e facilidade ao
acesso às informações, essa velha e malhada estratégia perde eficácia quando já
é facilitada a checagem sobre os fatos de que se tratam, sobretudo quando o
fato inventado se tratar de desprezível fantasia, por ser inverossímil e não
passar de mera falácia.
Um
advogado, jornalista e cientista político disse que “a interpretação ‘exótica’ da realidade faz parte do discurso político,
principalmente de candidatos populistas e messiânicos, como é o caso de Lula.
Eles assumem discursos que tendem a construir uma pararrealidade a partir do
uso e do abuso de factóide. O ex-presidente, no entanto, não havia lançado mão
desse estratagema antes. Qualquer prognóstico sobre a eficácia dessa tática,
agora, é torcida. O que dá para ver, objetivamente, é que ele está construindo
uma narrativa alternativa”.
O
político disse, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em contestação
ao trabalho da equipe de Curitiba, que “A
Lava Jato significou um prejuízo ao País de R$ 140 bilhões. O juiz Moro e o
Ministério Público têm que saber que se tem alguém que lutou contra a corrupção
foi o PT”.
Um
advogado analisou o texto acima e concluiu que “Ele tenta descaracterizá-la porque é o único inimigo que ele não pode
vencer”.
De
acordo com um especialista em política do Mackenzie, os ataques contra a
Lava-Jato podem se mostrar uma estratégia equivocada, porque “A Lava-Jato se transformou em um símbolo de
esperança para um país desesperançado. Se tornou sinônimo de uma postura ética”,
evidentemente se tratando de princípio que inexiste nos principais políticos da
atualidade.
O
político tenta ignorar que tem pouca ou nenhuma eficácia desmerecer o mérito da
Lava-Jato, que vem combatendo com competência e imparcialidade a corrupção e
esse fato tem gerado a consciência dos brasileiros honrados de que os ataques
ao seu trabalho demonstram falta de patriotismo, brasilidade e principalmente
amor e zelo ao patrimônio público, conceitos estes totalmente inexistentes nos
políticos.
O
político fez questão de ignorar essa realidade e procura atingir o juiz de
Curitiba, quando ele disse que “O cara
(o juiz) é do mal. É surdo e não ouve o
que eu falo”, tão somente por ele não ter rejeitado as denúncias oferecidas
contra o político.
É
muito estranho que a Justiça não tenha ainda reagido aos insultos e
desrespeitos vindos do político, que tem se mantida em silencia aos ataques
dele, uma vez que, por menor escala de agressão, qualquer cidadão comum já
teria sido enquadrado por desacato à autoridade e ainda admoestado a evitar
tais procedimentos.
Ressalvada
a possível resposta do Judiciário, por ocasião do julgamento da apelação sobre
a condenação de prisão do político, no próximo dia 24, pela 8ª Turma do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Se
for condenado pelo citado tribunal, o político se tornará inelegível, na forma
das normas previstas na Lei da Ficha Limpa, que estabelece que o condenado em
segunda instância se torna inelegível e também pode ser preso, segundo
entendimento do Supremo, embora ele possa recorrer da decisão, podendo fazê-lo
mesmo estando preso.
Os
brasileiros acreditam que as mentiras, repetidas à exaustão, têm o poder
majestoso e sublime de contribuir para revelar, em definitivo, o real
sentimento de caráter nada republicano de seu autor, de modo que a verdade vinda
à tona é capaz de mostrar o quanto os homens públicos hipócritas, mentirosos e
egoístas são altamente prejudiciais aos interesses nacionais e precisam ser
eliminados, o quanto antes, da vida pública, para o bem da nação e de seu povo.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 3 de janeiro de 2018
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